Porque o sítio do Bando é aqui e porque também merecemos e esteve em causa a Bandalheira, "roubei" do blogue "A Vida em Fotos", sem a devida autorização do dono, o nosso Secretário General Portojo e também "redactor chefe" do nosso blogue, "saquei" este post que espero ele não se importe, mas se se importar... olhe!... import/export. Com a autoridade que me é devida, autorizada por mim mesmo, determino e mando... já publiquei!
A Bem da Bandalheira
cumprim/jteix
Quatro dos oito a caminho!... dum dia bem passado.
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208 - O Couto de Dornelas e a Festa de S. Sebastião
O meu amigo e ex-camarada desde os tempos de Vendas Novas e já lá vão mais de 47 anos, o Barreto Pires, fez um convite ao Bando do Café Progresso - os amigos e ex-camaradas sabem a quem me refiro - na pessoa do Presidente Jorge Teixeira (Jotex para os amigos ) para uma visita à sua terra por altura das Festas de S. Sebastião.
Dornelas fica nas terras de Barroso, freguesia do Concelho de Boticas em Trás-os Montes.
Convite aceite e a rapaziada meteu carros e camionetas ao caminho. Uma grande parte do percurso desde a minha-nossa Cidade do Porto - e há duas alternativas - é feita por auto estradas e depois por estradas nacionais de muito boa qualidade.
O nevoeiro e a neve são presenças nesta altura do ano. E se nuvens escuras são sinónimo de frio, não assustam viandantes experimentados, tenham ou não assumido temperaturas de 40 e mais graus nos velhos tempos.
Vamo-nos aproximando do destino, Barroso cá estamos nós, mas ainda há tempo para umas fotos paisagisticas
Chegados e bem dispostos, (já tínhamos feito o mata-bicho na casa nova do Pires) vamos então conhecer Dornelas e a história da Festa de São Sebastião. Na foto, o Cruzeiro.
O Povo local gosta que lhe chamem Couto de Dornelas, criado em 1127 pelo nobre Ay Ayres que raptou da corte de D. Afonso Henriques (o nosso primeiro) uma dama e com ela veio viver para estas terras que, segundo a história era despovoada. Construiu residência e capela.
Torre posterior e Igreja matriz onde se realizou a Missa em honra de S. Sebastião
Foram chegando forasteiros para a povoar e logo que se acoutassem à capela não poderiam ser presos nem punidos pela justiça do rei. Começaram a cultivar os terrenos para o senhor.
Pelourinho. Ao fundo a serra do Barroso e a neve.
Vamos descobrir a Festa de S. Sebastião presa a duas lendas.Uma antiga de há muito, muitos anos... houve na região um ano de muita fome e peste. O Povo pediu a S. Sebastião que os protegesse. Em troca prometeram realizar uma Festa onde não faltasse carne e pão a quem a ela comparecesse.
A Torre vista de trás e o Povo esperando à porta da Igreja o final da missa
A mesa do Santo que se estende pela Rua principal
Os anos passaram e o povo foi ficando esquecido do seu Santo e da Festa, mesmo que tenham havido anos de doença e fome. Até que chegaram as invasões napoleónicas, mais concretamente a segunda de 1809 com a sua fama de pilhagens, violações e mortes.O povo voltou a acolher-se sob a protecção do Santo: Se os invasores não entrarem no Couto faremos todos os anos no dia 20 de Janeiro uma festa em tua honra onde não faltará comida a toda a gente que a ela vier...
A mesa entendendo-se ao longo da rua principal.
Continuando a história da lenda, caiu um nevão tão grande que não permitiu aos invasores franceses descer ao Couto.Diz o meu amigo Barreto Pires que os invasores transitavam em direcção ao Porto pela estrada romana Chaves-Braga que passa pela serra do Barroso e aqui bem perto.
A carne era e ainda é cozinhada nos potes de ferro, na casa do Santo à volta de uma grande lareira.
Porque não consegui melhores fotos, recorri ao meu amigo Fernando Súcio.
O Povo cozinhando para o Povo
A bênção da comida
Saída para a procissão
O Santo saindo da sua casa
Espigueiro onde se guardam ou guardavam os cereais. Existem alguns ainda.
Aguardando a distribuição da comida, o Povo faz a festa.
Vem gente de muitas localidades para a Festa. A tradição ainda é o que era.
Vão-se comendo os merendeiros trazidos de casa enquanto se aguarda pela comida benzida.
Festa é Festa e há muita animação mesmo com imenso frio.
Velho moinho de água. Um casal sénior aproveita para merendar.
Nestes moinhos moíam-se os cereais para fazer o pão.
Uma parte do percurso onde a mesa está instalada. Digo eu que não medi que tem 500 metros. Há quem diga que são 1000 metros. Percorrêmo-la toda mas nem dei fé da sua extensão.
Não assistimos à distribuição da comida, iría demorar muito. Seguimos para a casa velha do Barreto Pires no lugar de Gestosa, que pertence à freguesia e onde fomos presenteados com uma bela refeição.
Começando por aperitivar com verdadeiros Rojões como são servidos na região, rojidos na sua banha, juntamente com o pão tradicional.
Fazendo jus à tradição da Festa fomos presenteados com o melhor e mais completo cozido trasmontano que já apreciei.
Carnes e enchidos da região, criados e fabricados em "casa". Incluiu carne de boi barrosã e frango da "casa" .
Legumes da terra, mais o feijão vermelho, arroz e hortaliças. O vinho não era o dos mortos, porque essa tradição acabou.
No final do repasto, as senhoras que trabalharam - a esposa e a cunhada do Pires, ofereceram o pão que havíamos de trazer para a viagem.
A partilha do pão pelo Barreto Pires e pela esposa D. Maria da Luz.
Assim é a tradição das gentes transmontanas, gente que muito considero desde há anos. Já não me admiro pela seu lhano e gentileza pois habituaram-me a elas.
Um abraço fraterno ao meu amigo que para além do mais me fez conhecer mais um pouco desta região e das suas tradições.
Acabou... quem gostou, gostou, quem não gostou... gostasse!...
j.teix
Uma grande reportagem num belo dia. Só que o camarada Presidente poderia ter feito a sua própria, especialmente para o Bando. Afinal este espaço é do Povo Bandalho e afins.
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